22/09/2020 Auxílio emergencial: nenhum real a menosSérgio Nobre, presidente nacional da CUT, em artigo conjunto com presidentes das demais centrais, defende R$ 600 para evitar a miséria e pandemia da fome O presidente nacional da CUT, Sérgio Nobre, e os presidentes da Força, UGT, CTB, CSB e NCST assinam, conjuntamente, artigo em defesa dos R$ 600 no jornal Folha de S.Paulo, edição desta terça-feira (22) – ver íntegra abaixo. Na semana passada, as Centrais Sindicais, de forma unitária, lançaram campanha para pressionar pela manutenção dos auxílio emergencial cortado à metade pelo governo Jair Bolsonaro (ex-PSL). A MP prorrogou o auxílio emergencial até dezembro de 2020, porém, cortou o valor pela metade (R$ 300,00), mas tem de ser aprovada no Parlamento. Aprovar a medida com essa redução provocaria desgaste aos parlamentares nesse momento de pré-campanha eleitoral municipal. O texto da MP recebeu 262 propostas de emenda de deputados e senadores, boa parte delas aumenta o valor. Participam da campanha as 11 entrais: CUT, Força, UGT, CTB, CSB, NCST, CGTB, Intersindical, CSP-Conlutas, Intersindical e Pública, seus entes e sindicatos. Confira a íntegra do artigo: Há no Brasil um impasse entre preservar a proteção econômica à população afetada pela pandemia do coronavírus, por um lado, ou o arrocho da proteção social que levará ao aumento da fome, da miséria e da violência, por outro. Agora esse impasse se manifesta na preservação do auxílio emergencial de R$ 600 ou no corte à metade, como propõe o governo por meio de medida provisória. O que está em disputa são R$ 300 a mais ou a menos nas mãos da população mais vulnerável. Novamente, as centrais sindicais, que defenderam em abril um auxílio de R$ 500 quando o governo falava em apenas R$ 200, se unem na luta para que o Brasil siga um caminho que mantenha a proteção econômica de quase 70 milhões de brasileiros e brasileiras. Nossa luta está expressa na campanha, lançada em 17 de setembro último, pela manutenção do auxílio emergencial no valor de R$ 600 até dezembro e de R$ 1.200 para as mães chefes de família. Estamos cientes do impacto fiscal que tal medida terá e passamos ao largo de manifestações imaturas e irresponsáveis que visam tão somente desgastar o governo. Mas teses que sustentam que o Brasil não tem recursos para estender o auxílio em seu valor integral não nos enganam. Ao contrário disso, consideramos que a melhor proteção para o problema fiscal é a retomada da atividade econômica, que começa protegendo a renda que garante o consumo da população e sustenta a demanda das famílias. Deve estar claro para todos que R$ 300 não atendem às necessidades básicas de uma pessoa em um mês, ainda mais para uma família! O aumento do custo de vida tem corroído mais os rendimentos menores, especialmente pelo aumento dos preços dos alimentos. Segundo o Dieese, o valor da cesta básica no Brasil varia entre R$ 398, em Aracaju, e R$ 540, em São Paulo, o que mostra que R$ 300 mensais não são suficientes nem para a alimentação. E ainda é preciso colocar nessa conta moradia, saúde, transporte e educação, além de todas as outras necessidades. O horizonte, nessa perspectiva de redução do auxílio emergencial, é o aumento de pessoas vivendo nas ruas, saques, revoltas e criminalidade, entre outras mazelas. A continuidade do auxílio emergencial de R$ 600, por outro lado, tem o potencial de conter esse cenário trágico. Estudos estimam que ele representa 2,5% do PIB (lembremos que o Brasil vem crescendo 1% ao ano), com mais de R$ 320 bilhões injetados na economia através do sustento das famílias beneficiadas. Ou seja, além de garantir a subsistência e o consumo da população carente, ele fomenta a atividade de micro, pequenas e grandes empresas. Por isso defendemos e convidamos todas as organizações, entidades e movimentos sociais para se unirem a esse grande esforço de articulação e garantir ao povo o que lhe é de direito: um auxílio emergencial decente, de R$ 600, no mínimo até dezembro. Nenhum real a menos! Alvaro Egea
Escrito por: Vanilda Oliveira |