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Notícias

21/03/2023

Vencemos a eleição para mudar a economia, diz Nobre em ato contra taxa de juros 


Em ato em São Paulo contra a alta da taxa de juros praticada pelo BC, presidente da CUT nacional critica manutenção da atual direção do banco, indicada por Bolsonaro, que favorece apenas os mais ricos

No ato pela redução da taxa básica de juros (Selic), hoje em 13,75% ao ano, e a favor da democratização do Conselho de Administração dos Recursos Fiscais (CARF), -, realizado nesta terça-feira (21), em São Paulo, o presidente da CUT nacional, Sérgio Nobre, ressaltou que um dos objetivos dos trabalhadores que batalharam para eleger Lula (PT) é a imediata mudança nos rumos da política monetária implementada pelo presidente do Banco Central (BC), Campos Neto. A atual política de juros altos privilegia apenas os mais ricos, disse.

Sérgio Nobre destacou que a eleição em outubro do ano passado foi para mudar o país com mais emprego, transporte e segurança, mas que com a atual taxa de juros, isso não será possível.

“Campos Neto é um sabotador do nosso país. Por isso, nós queremos dar o recado aqui: esses caras que estão reunidos nesse conselho monetário [Copom], dizem que são independentes, mas eles foram capturados pelo sistema financeiro”, disse o presidente da CUT se referindo ao Comitê de Política Monetária do BC, que está reunido para decidir se mantém a taxa, aumenta ou reduz. A reunião termina na noite desta quarta-feira (21).

“É tudo banqueiro e nós queremos fazer parte desse conselho junto com o povo que produz. Não pode ser apenas banqueiros mexendo na taxa de juros”, acrescentou.

A visão de Brasil deles e a economia deles foram derrotadas em outubro. E [eles] têm que ter vergonha na cara, pegar o boné e ir embora. Fora Campos Neto, sanguessuga da classe trabalhadora
- Sérgio Nobr
O presidente do BC se mantém à frente do comando do banco porque a instituição se tornou autônoma em 2021, o que impede mudanças na sua direção por parte do novo governo. O mandato de Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), termina só no dia 31 de dezembro de 2024.

O ato pela queda dos juros que reuniu representantes das centrais sindicais: Força Sindical, CTB, UGT, CSB, NCST, CSP Conlutas, Intersindical, A Pública -, e movimentos sociais como o Povo sem Medo e Frente Brasil Popular. Em todo o país foram realizados protestos.
O tom dos discursos de representantes dos sindicatos e das demais centrais no ato em São Paulo, foi crítico ao rentismo, à administração de Campos Neto que privilegia os mais ricos com as taxas altas de juros que favorecem a especulação financeira em detrimento da maioria do povo brasileiro que tem de pagar mais de 400% ao ano dos juros do cartão de crédito rotativo, nas prestações da casa própria ou de qualquer outro bem comprado em parcelas.
A presidenta da Contraf-CUT e vice presidenta da Central Única dos Trabalhadores, Juvandia Moreira, reforçou que somente com a queda dos juros a economia do país voltará a crescer, beneficiando a maioria do povo brasileiro.

“Essa luta contra a alta do juro é sua, é nossa. Essa luta vai definir se a gente vai ter emprego amanhã, ou não. Se vamos ter renda, ou se não gente vai estar na rua sem lugar para morar. Para ter um país melhor é preciso que o presente do Banco Central reduza a taxa de juros.  É essencial para o povo, para que a economia cresça”, disse.
Em seu discurso, a dirigente ressaltou que os juros altos encarecem toda a economia, o governo gasta mais e tem menos dinheiro para construir escolas, creches hospitais, e outros investimentos públicos, além do povo ter de pagar mais na compra de um produto ou na obtenção de crédito. O povo gasta mais para comprar geladeira e televisão; vai pegar empréstimo fica mais caro e isso é culpa do Banco Central.

Juvandia foi uma das críticas à atual direção do BC que Lula só poderá mudar os nomes em 2024. Até lá, o país terá de conviver com a política econômica do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes e do antecessor de Lula, que sempre privilegiou o rentismo, o capital em detrimento do desenvolvimento do país com distribuição de renda e investimentos sociais. Por fim, Juvandia convocou a população a procurar deputados e senadores para que convoquem o presidente do BC para explicar no Congresso Nacional a atual taxa de juros.

“Entre nas redes sociais, compartilhe comente, conversa com seu deputado, com o seu senador. Esse cara que está aí [Campos Neto] não representa a vontade do povo brasileiro. A vontade do povo brasileiro é um Brasil que cresça, gere emprego e renda, com crédito acessível, com emprego para que possa viver bem”, concluiu.

Durante o ato, os manifestantes fizeram um churrasco de sardinha, numa metáfora para o pequeno, o mais pobre, que é devorado pelos tubarões - os ricos do país.
Entenda o que é CARF e por que é necessária a sua democratização
O que é o Conselho de Administração dos Recursos Fiscais (CARF)?

O CARF, órgão vinculado ao Ministério da Fazenda, é responsável por julgar os processos administrativos referentes a impostos, tributos e contribuições, inclusive da área aduaneira (importação e exportação).

A composição do CARF

O Conselho é composto por 180 conselheiros. A metade (90) é de representantes dos contribuintes (empresas e trabalhadores) e os outros 90, técnicos do Ministério da Fazenda.

Só que a proporção é desigual. Dos 90 membros que representam os contribuintes, apenas seis são conselheiros indicados pelas centrais sindicais. Todas as demais vagas (84) são distribuídas aos diversos setores empresariais, como o de energia, comércio, indústria, agricultura, transportes e, inclusive, o setor financeiro.

O que fazem esses conselheiros?

Eles julgam processos em que os contribuintes se sentiram prejudicados por cobranças feitas pela Administração Tributária. Ou melhor, eles julgam as ações movidas contra devedores de impostos no país.

O problema é que nas votações que dão empate, a decisão é sempre favorável ao devedor do imposto de renda. Com esse poder em mãos os setores empresariais, os grandes sonegadores, são beneficiados e não pagam as dívidas. Os recursos são julgados procedentes o que exime as empresas de responderam na Justiça pela sonegação.