O senador Roberto Requião (PMDB-PR) disse nesta quintafeira (23), em pronunciamento, apoiar todas as operações que têm como objetivo combater a corrupção no país, mas alertou que alguns setores se aproveitam da crise para impor ao governo interino uma política "entreguista", que coloca em xeque a soberania nacional e os direitos dos trabalhadores.
Ele também voltou a afirmar sua posição contrária ao impeachment, mas favorável à convocação de um plebiscito, para que a sociedade decida sobre o futuro do país.
Para Requião, o governo interino vai fazer o ajuste fiscal com o sacrifício das classes mais pobres, sem, na verdade, rever os privilégios, salários e mordomias das classes dominantes.
Para mostrar isso, ele citou medidas propostas, como a limitação do aumento dos gastos públicos, que, na sua visão, vai prejudicar ainda mais setores já carentes de investimentos públicos, como a saúde, a educação e a moradia popular, por exemplo.
Outra medida que o governo interino de Michel Temer deve propor, apontou Requião, é a limitação das dívidas das estatais, como Petrobras, Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal. Isso, na opinião dele, nada mais é do que a privatização dessas companhias.
O senador destacou que a pior de todas as medidas é a que privilegia as negociações coletivas de trabalho, em detrimento da legislação trabalhista. Ele alertou que, se isso acontecer de fato, os trabalhadores, em tempos de crise, aceitarão qualquer acordo, mesmo que prejudicial, para manterem os seus empregos.
— Tudo o que está na legislação pode se transformar em letra morta se patrões e empregados acordarem suspender as férias, acabar com o descanso remunerado, cancelar o pagamento do décimo-terceiro salário, aumentar a jornada, diminuir o salário, suspender o depósito do fundo de garantia, cancelar o vale-transporte, eliminar o vale-refeição e assim por diante — frisou.
Fonte: Agência Senado