16/05/2019 Em meio à crise, outlets crescem e Grande SP ganha dois novos projetosEm meio ao cenário difícil para a economia, o setor de outlets ainda encontra fôlego para crescer, de olho no apetite de um consumidor que ainda toma muito cuidado sobre como gastar seu dinheiro. “Os outlets unem duas paixões dos brasileiros: marcas famosas e preços acessíveis”, diz Luiz Alberto Marinho, sócio da consultoria de varejo GS&Malls. Com essa perspectiva, o setor está investindo em cinco novos projetos no País até 2021, sendo que dois outlets deverão ser inaugurados em São Paulo, ainda neste ano. Os dois novos projetos ficarão na cidade de Guarulhos, na Via Dutra. O maior investimento virá do Smart Outlet Aeroporto, que ficará a dez minutos do terminal de Guarulhos. A inauguração está programada para setembro. Os administradores projetam 90 lojas, além de restaurantes, serviços e uma minifazenda para entreter as crianças. Capitaneado pelo fundo Iron Capital, o Smart Outlet consumirá R$ 200 milhões em investimentos. O outro projeto, o Só Marcas, será especializado em itens esportivos e inicialmente deverá ter 15 lojas. O fundo responsável pelo Smart Outlet diz ver espaço para mais um shopping de descontos na Grande São Paulo. O objetivo é disputar espaço com os dois empreendimentos “maduros”: o Outlet Premium, em Itupeva, e o Catarina Fashion Outlet, em São Roque – localizados, respectivamente, nas rodovias dos Bandeirantes e Castello Branco. “Queremos ser uma opção um pouco mais próxima de São Paulo, especialmente para quem está na zona leste”, afirma Diogo de Freitas Valle, diretor do Iron Capital. De acordo com a Agência Brasileira de Outlets (About), que desenvolve e administra empreendimentos do gênero no Brasil, embora existam iniciativas de grupos como General Shopping, JHSF e Iguatemi, boa parte das administradores de shopping centers ainda está de fora do segmento de descontos. Desta forma, o setor se abre para “novatos” na área, como o Iron Capital, fundo que cria negócios do zero e não havia desenvolvido outlets. A reticência de alguns grandes grupos – que se reflete em projetos engavetados – tem feito o setor crescer mais devagar do que o previsto no Brasil. Desde a abertura do primeiro outlet premium, em 2009, foram inaugurados 13 empreendimentos no País. Além dos dois projetos de Guarulhos, há mais três previstos até 2021, em Campo Largo (PR), Mogi das Cruzes (SP) e Recife. O Smart Outlet vai concentrar um grupo de varejistas bastante conhecido de quem frequenta projetos semelhantes já em funcionamento. Entre as marcas confirmadas para a inauguração, em setembro, estão Tommy Hilfiger, Calvin Klein, Ellus, VR, Richards, Kopenhagen, Asics, McDonald’s, Casa do Pão de Queijo, Polo Wear, TNG e Chili Beans. Para Valle, o empreendimento traz alguns diferenciais em relação à concorrência, apesar de o mix ser semelhante: “Nosso shopping tem ar condicionado, estamos mais perto de São Paulo e ficamos antes do pedágio”, afirma. O fato de as mesmas marcas ocuparem diferentes outlets está relacionada ao fato de muitas delas terem começado a produzir coleções diretamente para esse nicho, explica André Costa, sócio da consultoria About. “Fizemos uma pesquisa e detectamos que 55% das empresas do setor já produzem para os outlets, mas esse número tende a crescer, pois é impossível abastecer novos empreendimentos com uma parcela importante do mercado atuando apenas com ponta de estoque de coleções antigas”, diz. “Nesse sentido, o mercado ainda precisa se desenvolver.” Expectativas frustradas O grupo americano Simon – líder do mercado de outlets americanos, com 86 empreendimentos espalhados pelo país – ensaiou entrar no mercado brasileiro, em parceria com a empresa de shoppings BR Malls, mas acabou abandonando seu ambicioso projeto. Em 2012, a Simon e a BR Malls formaram uma companhia de outlets na qual cada uma teria 50% de participação. À época, as sócias anunciaram que abririam 12 outlets até o fim da década, com investimento de R$ 1,5 bilhão. Desde que a situação da economia brasileira começou a deteriorar, o projeto da Simon não gerou sequer um empreendimento. De acordo com André Costa, da Agência Brasileira de Outlets (About), apesar de ser mais resiliente por causa da venda com descontos, a crise econômica também afetou as expectativas do mercado de outlets a partir de 2014.
Fonte: Estadão |